Pede paz, grita por igualdade, reclama da impunidade, clama
por justiça. Mas sugiro um exercício de autoconsciência. Pare, desarme-se e
pense. Você se lembra de pedir paz quando age de forma violenta,
com palavras agressivas, com ódio e sede de vingança?
Antes de falar mal dos políticos e querer tacar uma bomba no Congresso Nacional, você pensa se está sendo justo e ético com seus funcionários e colegas de trabalho?
Afinal, qual é a diferença entre o safado que desvia verbas da saúde e o empresário que não paga seus funcionários ou que dá calote no freelancer e ainda compartilha a foto do chope brindando com o dinheiro alheio?
Afinal, qual é a diferença entre o safado que desvia verbas da saúde e o empresário que não paga seus funcionários ou que dá calote no freelancer e ainda compartilha a foto do chope brindando com o dinheiro alheio?
É chocante a notícia de uma jovem de 15 anos condenada a cem
chibatadas por ter sido estuprada pelo padrasto. Mas e você? Como trata as mulheres?
Dirige-se a elas com o devido respeito?
E você, mulher, que se diz moderna, cabeça aberta e que defende
o casamento gay, lembra daquela sua amiga que contou uma experiência e foi julgada
e condenada por você?
Você pinta a cara, compartilha campanhas, participa de
abaixo-assinados, tudo por um mundo melhor. Mas está ensinando seus filhos a
agirem corretamente, a olharem para o próximo, a se colocarem no lugar do
outro?
Você sabe se o seu filho faz bullying no colégio? Infelizmente, muitos pais nem sabem ou, se
sabem, dizem que é coisa de criança, que adulto não deve se meter. Será que não
passa pela sua cabeça que esse filho pode ser o bad boy que vai crescer batendo em mendigo ou tacando fogo em
índio? Ou seja, de que adianta colocar no Facebook o nome com sobrenome João
das Couves Guarani Kaiowa?
E é dessa forma que nos damos ao direito de nos indignar, de
criticar, de nos colocar num patamar de justiceiros sem telhado de vidro.
Olhe para si mesmo. Faça uma autoanálise. Pense em como você
está agindo com o porteiro, com o pai, com o filho, com o cara que esbarrou em
você e levou um empurrão de volta por conta disso. A paz, a justiça e a ética
começam aqui, dentro de cada um de nós, na nossa casa, na nossa família, no
nosso círculo de amizade.
Quer fazer campanhas, faça! É digno, é importante e válido.
Mas não levante a bandeira alheia com valores que não são seus.
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