16 de abr. de 2013

Levantar bandeira é fácil. Difícil é respeitar valores.

O ser humano vive vive levantando mil bandeiras. Fica indignado com a violência, com o descaramento, com a obsessão por poder a qualquer custo, com o preconceito e por aí vai.

Pede paz, grita por igualdade, reclama da impunidade, clama por justiça. Mas sugiro um exercício de autoconsciência. Pare, desarme-se e pense. Você se lembra de pedir paz quando age de forma violenta, com palavras agressivas, com ódio e sede de vingança?

Antes de falar mal dos políticos e querer tacar uma bomba no Congresso Nacional, você pensa se está sendo justo e ético com seus funcionários e colegas de trabalho?

Afinal, qual é a diferença entre o safado que desvia verbas da saúde e o empresário que não paga seus funcionários ou que dá calote no freelancer e ainda compartilha a foto do chope brindando com o dinheiro alheio?

É chocante a notícia de uma jovem de 15 anos condenada a cem chibatadas por ter sido estuprada pelo padrasto. Mas e você? Como trata as mulheres?  Dirige-se a elas com o devido respeito?

E você, mulher, que se diz moderna, cabeça aberta e que defende o casamento gay, lembra daquela sua amiga que contou uma experiência e foi julgada e condenada por você? 

Você pinta a cara, compartilha campanhas, participa de abaixo-assinados, tudo por um mundo melhor. Mas está ensinando seus filhos a agirem corretamente, a olharem para o próximo, a se colocarem no lugar do outro?
Você sabe se o seu filho faz bullying no colégio? Infelizmente, muitos pais nem sabem ou, se sabem, dizem que é coisa de criança, que adulto não deve se meter. Será que não passa pela sua cabeça que esse filho pode ser o bad boy que vai crescer batendo em mendigo ou tacando fogo em índio? Ou seja, de que adianta colocar no Facebook o nome com sobrenome João das Couves Guarani Kaiowa?

E é dessa forma que nos damos ao direito de nos indignar, de criticar, de nos colocar num patamar de justiceiros sem telhado de vidro.
Olhe para si mesmo. Faça uma autoanálise. Pense em como você está agindo com o porteiro, com o pai, com o filho, com o cara que esbarrou em você e levou um empurrão de volta por conta disso. A paz, a justiça e a ética começam aqui, dentro de cada um de nós, na nossa casa, na nossa família, no nosso círculo de amizade.

Quer fazer campanhas, faça! É digno, é importante e válido. Mas não levante a bandeira alheia com valores que não são seus.


E, de repente, meu filho cresceu.

Hoje, vendo você desaparecer das minhas vistas, rumo a uma viagem internacional, sozinho, passei por uma avalanche de emoções e lembranças...