24 de ago. de 2012

Desescolarização... Será?

Hoje estava lendo um artigo interessantíssimo sobre "desescolarização". Trata-se de um questionamento sobre a real necessidade da escola convencional como única forma de disseminar o ensino. Fiquei muito impressionada, pois Breno, meu filho, tem falado muito sobre isso comigo. Sempre o deixei muito à vontade para escolher se preferia continuar na escola - que é muito puxada - ou escolher um jeito mais light de aprender, mas nunca havia analisado esta outra possibilidade de sair completamente dos padrões.

Neste ano, se despedindo (se Deus quiser) do 1º grau, o Breno começou a se questionar, a filosofar bastante sobre a escola como ela é. Achei um papo meio anarquista, mas vou confessar que me encantei com o poder de argumentação dele. Aquelas ideias tinham sua lógica. Hoje, a internet traz uma diversidade  absurda de possibilidades de disseminação do conhecimento que ainda acho pouco explorada.

O modelo atual (digo da maioria convencional e, principalmente, das católicas) é zero estimulante. Vejo o meu filho e seus colegas com ojeriza à escola. Ir ao colégio é visto quase como uma punição, quando o conhecimento deveria ser algo absolutamente empolgante para as cabecinhas curiosas. Mas vejo muita incoerência. A começar pelo horário: as crianças têm que levantar entre 5:40/6:00 e precisam estar acordadíssimas, atentas e estimuladas em suas carteiras às 7h da manhã. Acho isso cruel, sádico. A essa hora, o corpo e a mente ainda estão se adaptando à chegada do novo dia. Meu filho, muitas vezes, dorme nas aulas. Sua produtividade caiu muito ao mudar para o turno da manhã. Pior: para acordar a esta hora, ele precisa dormir muito cedo, no máximo, às 22h. Só que os pais saem dos seus trabalhos tarde. Ainda chegam em casa, tomam banho, jantam e daí... ZZZzzz nem dá tempo de desejar boa noite aos filhos. A gente acaba achando que eles estão crescendo rápido demais, quando na verdade, nós estamos correndo demais atrás da vida e perdendo o melhor - acompanhar de perto o crescimento deles.

Bom, voltando à escola... vejo alunos revoltados com professores, com medo, intimidados. Falta um diálogo mais próximo com essa geração. Claro que não estou generalizando e nem acusando os professores, mas acho que é preciso uma reciclagem na forma de lidar com esta nova e exigente demanda superconectada que se dispersa fácil com tantos estímulos trazidos pela internet.

Os alunos sentam na cadeira, ficam horas a fio sendo empanzinados por uma avalanche de informações. Como faz pra ligar a chavinha e assimilar tanta coisa naquelas cabecinhas? Na aula de desenho geométrico, meu filho tem um trabalho pra fazer complicadíssimo que foi parte da matéria que o meu marido só veio a ter contato na Faculdade de Belas Artes. Tinha que achar o ponto certo da tinta guache, fazer pontinhos no isopor, passar a tinta e depois virar no papel. Foram horas de tentativas frustradas, mesmo com a ajuda do meu marido. O próprio professor teve que fazer umas três vezes até acertar o ponto. Meu filho não tem habilidade artística nenhuma, como ele mesmo diz. Tudo bem que ele pode precisar de desenho geométrico, mas não vai precisar saber passar tinta em isopor! Não vejo qualquer importância nisso.

Os professores cobram capricho no caderno, peraí! Ele não está no Jardim de Infância. Mas, falando de forma geral... Gente! Estamos em 2012, Era Multimídia, da interatividade, do conteúdo colaborativo. Essas crianças viajam o mundo todo através do computador e são obrigadas a ficar entre quatro paredes pra aprender! Isso é um tanto contraditório. Não sei realmente se esse modelo ainda pode funcionar. Acho que já deu o que tinha que dar. Precisamos dos mestres, claro, mas necessitamos também de uma reviravolta no modelo atual de educação. Tudo mudou muito rápido e o modelo convencional de escola continuou na mesma.

As crianças que cresceram junto com a internet não conseguem se adaptar a esse modelo antigo. Elas querem ver movimento, cores, realidade, sons, interatividade. São questionadoras, não querem as coisas prontas. Aceitam os fatos, mas querem elaborar um outro ponto de vista e, nesse ponto, muitas escolas são castradoras.

Por que não abusar da música, dos games, dos filmes que, afinal de contas, fazem parte da linguagem deles? Tantos documentários interessantes no Discovery e os alunos são obrigados a guardar a imagem do que é estudado só na cabeça? As guerras, os governos, a ciência... nossa, tem muito pra ser ver, ouvir, cantar, pesquisar, criticar. Vejo muitas crianças e adolescentes já com a síndrome do assalariado, sonhando na segunda-feira com a sexta-feira. Querem dar um foward na vida, fugindo do que há de mais interessante: o conhecimento! É como tirar o encanto de uma criança de 4 anos com a figura do Papai Noel, sei lá!

Não sei ao certo qual seria o modelo ideal de educação. Mas através do aprendizado diário com meu filho, acho que um dia poderei chegar a alguma conclusão. Diretores, professores, escutem as crianças! Aprendam com elas. E se adaptem a essa nova demanda que espera algo que vai muito além da sala de aula.

11 de ago. de 2012

Injustiça de verde e amarelo


Fico pensando… como publicitária sei o quanto é angustiante dar tudo de si em uma campanha e, depois de tanto esforço, ela não ser aprovada. É uma sensação de derrota, mas nada que não se resolva em uma campanha após a outra.
Imagine então os atletas que vão para as Olimpíadas com o peso de vestir o Brasil no corpo? É a expectativa de um país inteiro pesando nas costas! Durante anos você se preparou para o grande dia. Deixou de sair, abriu mão de namorar, de comer chocolate, de encher a cara, de ficar perto da família. Se machucou, teve que treinar mesmo com dor, acordou de madrugada, passou sábados, domingo e feriados solitários num estádio. Ou até mesmo num local sem condições de treino, com fome, sem estrutura física e emocional, sem tomar um bom café da manhã antes de pegar pesado. Trocou os amigos por uma bola, uma piscina, por argolas ou por um trampolim. Sua família toda passou a ser um técnico, quando muito uma equipe. E o que para nós significa um jogo, uma luta, uma medalha de ouro, para eles representa a expectativa de uma vida toda. São anos e anos de preparação, horas e mais horas de superação e desgaste, minutos de exaustão, segundos de expectativas e um momento único que define uma derrota ou uma vitória.
No vai ou racha vem emoção à flor da pele, tensão, pressão, gritaria, torcida, o controle escapa, bola fora, passe errado, passo em falso, expulsão, eliminação, perda, expectativas nocauteadas, o fim de um sonho dourado.
Tem ideia da angústia? Como se não bastasse, vem a ira, o desrespeito e a falta de cumplicidade de um país inteiro. Gente que não sabe o que é suar sem ar-condicionado, treinar com fome, lutar sem condições, enfrentar tudo ultrapassando obstáculos muito mais difíceis do que os olímpicos.
Então é essa a relação? Na alegria, mas não na tristeza? Na saúde, mas não na dor? Na vitória, mas nunca na derrota? Por isso, me solidarizo com nossos heróis (esses sim são heróis!), nossos irmãos, nossa gente, nossa raiz. Vocês, atletas brasileiros, merecem o nosso apoio incondicional. Bato palmas para TODOS, mesmo para os que pisaram na bola, saíram por baixo, caíram no chão. Todos fizeram bonito, porque a beleza está na luta, no enfrentamento com a cara, a coragem e o peito aberto. Vocês são os verdadeiros campeões, todos os dias e não apenas de 4 em 4 anos.
Tenho orgulho de vocês representando o nosso país, vestindo a nossa camisa e mostrando para o mundo que brasileiro é osso duro de doer e que coragem e superação é a nossa bandeira.

Parabéns e obrigada!

E, de repente, meu filho cresceu.

Hoje, vendo você desaparecer das minhas vistas, rumo a uma viagem internacional, sozinho, passei por uma avalanche de emoções e lembranças...